Quando se ouve um homem que fala tanto com a guitarra, imaginamo-lo um ser tímido que comunica sobre tudo com as mãos. Mas Carlos Paredes não é assim.
Movimentos Perpétuos, o filme documental realizado por Edgar Pêra sobre o guitarrista português, é a prova disso. A narração é feita por Paredes, através das longas conversas que tinha com os espectadores, nos seus concertos. O concerto no Auditório Carlos Alberto, no Porto, em 1984, é o ponto de partida para o desenrolar de histórias de prisão, resistência, sucessos e amadorismo, relatos marcados pela simplicidade e pela paixão. Falam-nos ainda amigos e conhecidos que fizeram parte, de uma forma ou de outra, da sua vida, que o descrevem como um homem simples, muito simples, de uma humildade exagerada, do seu “ ar de quem quase pede desculpa por existir”, de “ quem lamentava o passado nas suas músicas mas sempre com esperança no futuro.” A grande diferença entre as notas de Paredes e as de muitos fadistas ou artistas que retratam as pedras da nossa calçada, a esperança.
O trabalho e a precisão de Edgar Pêra são bons. A articulação entre a música que sai dos dedos desvairados de Paredes e a imagem é milimetricamente sincronizada. E o recorrer à impureza das imagens em Super 8 pertinente. Contudo, justificava-se um pouco menos do experimentalismo, às vezes quase perturbador, tendo em conta que o tributado é Paredes.
Sem dúvida, uma boa aposta do PANORAMA. Um documentário obrigatório (como outros tantos) para qualquer português, e que o facto de estar inserido em cartazes como este acaba por fazer desta uma óptima oportunidade para o vermos.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Movimentos dourados de guitarra portuguesa
…a banda sonora do nosso país.
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