domingo, 22 de março de 2009

Gosto de entrar em quiosques e folhear revistas que vêm do outro canto. Nos últimos meses os olhos têm saltado para as capas da grande concorrente da Rolling Stone, a SPIN. Boas fotos e bons nomes. A porção para que a curiosidade aguce, as mãos se estiquem e que os dedos folheiem. A porção para quando há bons conteúdos que só precisam que a curiosidade aguce, as mãos se estiquem e que os dedos folheiem. 

sábado, 21 de março de 2009

A primavera (Pintura a óleo, do jardim de Monet, Giverny, 1886.)

Feliz Primavera. Feliz dia da árvore. Feliz dia da poesia. Parabéns Ana :)


«Escusado será dizer que nunca seria fácil, quanto mais não seja porque "Watchmen" é um caso brilhante de reconversão crítica do imaginário dos super-heróis e, mais do que isso, uma teia narrativa de muitas e fascinantes complexidades. (...)
O cinema não tem que ser todo assim. Mas tendo em conta a conjuntura global da cultura popular — e em particular as articulações entre BD e outros meios —, podemos apostar que "Os Guardiões" é um modelo de produção para muitos filmes de um futuro mais ou menos próximo.»

domingo, 15 de março de 2009

Gran Eastwood

Há muito tempo que não saía assim do cinema, emocionada. Completamente. Pela arte. Mais ainda, pelo artista.

Gran Torino tem tudo que um filme precisa para ser um grande filme. Uma boa história que abraça temáticas reais. O conflito de gerações, a convivência entre culturas diferentes num mesmo país, o presente dos homens da guerra, a família, a tendência em empacotar a terceira idade, o bom e o mau do sonho americano and so and so. Todas elas carimbadas por uma série de objectos que vão ganhando significado ao longo do filme, traçando as linhas do fim dos dias de um homem duro que ama a América.

A proeza de fazer um grande filme num pequeno cenário. Duas casas, uma barbearia e pouco mais. O que é que Gran Torino tem de extraordinário?

O fim, o remate perfeito para os bens e os males de Walt Kowalsky. Ainda mais que isso:

O gigante CLINT EASTWOOD. Um verdadeiro filho do cinema. Que volta à sua velha forma: realização + representação. Uma entrega que chega a um realismo tão grande que nos temos que pôr em bicos de pés para vê-lo, com os olhos de quem vê um Picasso ou um Kandinsky. Como amantes de cinema. Como quem ama quem o faz com corpo e alma e nos faz perceber que o domínio da arte torna o artista parte dela. 

Que bandas como os Gorillaz continuem a fazer músicas com o seu nome. Que Clint nunca deixe de realizar e representar filmes. De ser cinematografia. Teríamos sido tão pobres sem ele.

quarta-feira, 11 de março de 2009

4:44 p.m.

Chegam os primeiros sons da Primavera: Zero, do álbum Blitz, dos Yeah Yeah Yeahs.

terça-feira, 10 de março de 2009

A poesia de LOST


60 horas depois, cinco séries quase somadas e a «epopeia» LOST não perde a métrica. A Eneida dos nossos tempos continua a ser contada em episódios de 45 minutos. Passos que nos fazem acreditar que já sabemos muito e concluir que ainda não sabemos quase nada.
60 horas depois, os guionistas de LOST não param de dar sentido ao titulo da série e à sinopse que inicialmente parecia o maior dos clichés. Quem está na ilha está perdido, quem está em terra está ainda mais perdido, quem está no mar (re)encontra-se. «Perdidos no tempo e no espaço. Há lá coisa mais poética que isto?» Somamos frases como esta para tentar exprimir tudo que está a acontecer, quando sabemos que não há ninguém mais perdido que nós desde o primeiro episódio. A apanhar todas as sílabas para construir uma história, todos os sinais que nos são dados e que são tão ricos para criar provas, todos os símbolos para desenhar mapas. Há 60 horas que estamos assim porque queremos, e ninguém tem tido mais dores de cabeça, visto mais clarões e saltado mais no espaço e no tempo que nós. Sem nunca perder o alento.
O tabuleiro continua estendido, as peças não param de mexer, os guionistas não param de explicar o que vimos e o que vemos, enquanto acrescentam mais informação. Na tentativa, sempre tão bem concretizada, de nos tirarem certezas e de não nos darem o caminho certo. Sem nunca deixarmos de ter provas que em cada imagem, símbolo e gesto que fixemos e analisemos há uma explicação ou uma ligação seja a passagens bíblicas, à História, a teorias (d)e viagens no tempo ou a nada disso. Não paramos de escavar e de encontrar diamantes. E nunca saímos da ilha (desiludidos).
É ao afastamos as peças e os lugares do tabuleiro que encontramos o cerne de LOST e de qualquer grande narrativa. O amor humano de «H» pequeno e grande, com tudo que engloba.
Já não conseguimos viver sem o mau feitio do Sawyer (surpresa das surpresas), perdoamos Jack, achamos que a ilha nunca sobreviveria sem o coração enorme do Hugo e que a vida do John Locke não cabe numa série. O Daniel Faraday, «the time walker», parece-nos cada vez mais uma personagem genial e o Richard a mais intrigante de todas. Somos capazes de falar de cada um deles como se de amigos se tratassem. Pormenores que nos fazem ter a certeza que estamos dentro de uma grande história. Já não temos medo do que vem a seguir pois estamos conquistados e sabemos que vai ser extremamente bom. Descobrimos o livro que não faltará na nossa biblioteca, que marcará o início do nosso século e que certamente «abriremos» no ecrã e mostraremos aos nossos filhos e netos.
«Sempre soube que a nossa geração ia pegar em toda a vertigem de conhecimentos que adquirimos com o passar dos séculos e ia fazer coisas boas. Isto é só um bocadinho da fé. Ganhei o dia, maravilha». 

*Texto feito a partir de mensagens trocadas, sobre a série.