quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

17:24

O Cubo.net

Californication - Can you always get what you want?

Californication - 2007

Acabei de ver o último episódio da série Californication.
Devo dizer que vi os doze episódios em muito pouco tempo. Como se de um livro se tratasse. As primeiras páginas foram-se entranhando e as seguintes desapareceram, em contagem decrescente, noite dentro.
Californication não tem nada de novo. É uma série sobre um escritor em crise, que vai de Nova Iorque para Los Angeles à procura das palavras que não encontra há sete anos, sem perceber que pelo caminho perdeu o amor da mulher.
Californication tem algo de velho. Um actor que um dia já nos fez companhia no grande ecrã: David Duchovny. Este, encarna Hank Moody, um personagem delicioso que marca o regresso do “american coolfatherfucker”. Uma mistura de “badmothafucker”, que vive rodeado de mulheres que facilmente descarta. De pai ‘cool’ e estremoso que nos delicia com a sua relação de amizade com a filha de doze anos, uma menina-promessa Rock Star. De companheiro arrependido, por ter deixado desvanecer uma relação de anos, que luta com uma retórica sublime contra o seu novo ‘rival’, que vive com a certeza que um dia vai voltar a ter o seu amor e a sua família reunida.
Um bom exercício de guionismo no que cabe à construção de um personagem tipo. Uma grande representação de David Duchovny. Só por nos ter dado a conhecer esta nova personagem (que me trouxe barrigadas de riso e que acabou com a seriedade extrema que punha em Fox Mulder), Californication já valeu muito a pena. E tendo em conta que o resto também não está nada mau. Eu, recomendo.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Marie Antoinette & "the problem of a leisure"

Não posso esconder que tenho dedicado os últimos tempos a ver cinema perdido nos anos. Tenho tido surpresas tão agradáveis, momentos de película que me fazem perceber porque esta arte não desvanece. Há muito boa gente a trabalhar nela. Com paixão, com detalhe, com reinvenção, como tem de ser. Fica aqui uma parte da lista.

Marie Antoinette - Sofia Coppola - 2006

Marie-Antoinette: This is ridiculous.”
Comtesse de Noailles:
“This, Madame, is Versailles.”

Queria perceber porque Marie Antoinette foi um filme tão crucificado. Ao lançar a sua terceira longa-metragem, a jovem realizadora Sofia Coppola, até aí levada ao colo pela crítica, saiu de Cannes sem nenhum galardão.
França preparava-se para o 'tudo de bom’ que, supostamente, um filme que pretende retratar a vida de uma das suas rainhas pode trazer. Abriu o religiosamente protegido Palácio de Versailles à realizadora e à sua equipa e ficaram à espera de mais um enaltecer da nação.
Marie Antoinette é uma análise crua aos tempos da corte. Às regras e à crueldade que levaram uma menina austríaca de 14 anos a sair debaixo das saias do seu país-mãe, para selar um acordo entre nações. É o peso que Marie Antoinette não carregava no ventre. As regras que lhe apertavam o diafragma e se transformavam nos vestidos de Haute-Couture que pela primeira vez uma rainha vestiu. Os escapes de quem quis viver uma adolescência que começou, desde logo, a mostrar uma vida que se pretendia controlada por tudo e todos.
É também Sofia Coppola e as suas brilhantes fusões. O tempo das cortes com banda sonora rock’n’roll. Os planos das caudas dos vestidos, que arrastam na erva enquanto o sol nasce. O Silêncio e o esterismo dos protocolos. É as rendas, os leques, os sapatos e os bolos. Uma fusão rosa choque para muitos, principalmente para os franceses. Coisas que um sexto sentido, também, ajuda a perceber.
Se a narrativa é pobre? As cortes eram pobres. De espírito, de calor, de humano. “This, Madame, is Versailles.”

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

E não é que as correntes correm!

A propósito do desafio lançado pela Art’e Manhas no passado dia 18 de Novembro, “A quinta frase completa na página 161 de uma livro”, decidi entrançar as frases doas volumes à mão das pessoas que entraram na corrente antes de mim, e sugeri que os seguintes o continuassem a fazer. Foi ao ler o Crocodilo que percebi que a minha ideia foi descendo o rio. O resultado é este: “O riso é tribal. O Selvagem sobressaltou-se. Mas não sonhara. Quando fazia frio, as superfícies caneladas enchiam-se de água quente através de um mecanismo útil e engenhoso; mas durante quanto tempo a sociedade ocidental iria conseguir aguentar sem uma religião qualquer? E depois, é verdade, com certeza que aconteceu devido ao vinho. As linhas paralelas bem espaçadas e formas em L produzem o efeito mais tranquilo e estável.”

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

sábado, 26 de janeiro de 2008

E se uma voz começasse a narrar a tua vida?

Stranger than fiction - 2006 -by Marc Foster

É normal que em tantos anos de cinema as estórias já tenham sido todas contadas. O cinema, cada vez mais, deixa de dar toda a importância ao fim dos filmes. O ponto mais alto do gráfico, o clímax, passa a ser assinalado no meio da linha. Um filme não passa só pelo “quê” mas por “como” contar - relembramos. Uma boa prova disso é a cada vez mais comum recorrência a títulos que revelam os filmes. Estou a falar, também, do brilhante retorno ao Western pelas câmaras de Andrew Dominik, pela pele de Brad Pitt e pelo rosto de Casey Affleck.

Contado ninguém acredita” (Stranger than fiction) é mais um filme sobre o quotidiano rotineiro a que muitos se rendem, sobre o despertar para o ‘viver a vida’, sobre a realização de sonhos. Um todo que só tem sentido se existir amor. Realidade para a qual o personagem desperta, quase sempre, sob ameaça de doença ou morte.

“Contado ninguém acredita” é um filme sobre Harold Crick (Will Ferrell) e o seu relógio. Sobre uma escritora brilhante (Emma Thompson, vénia) em crise. Sobre uma estudante de direito que desistiu do curso para mudar o mundo a fazer bolachas que aquecem o coração das pessoas (Maggie Gyllenhaal). Estes contam com a ajuda de um professor universitário de Literatura que nos tempos livres é nadador-salvador (Dustin Hoffman) e de uma ‘ajudante de escritores em crise de inspiração’ (Queen Latifah). Do rol de actores não nos podemos queixar, é verdade. Cinco estrelas para o grafismo e, claro, para a boa forma como este bolo é amassado. Quanto à história… se vos contasse, não acreditavam.

Que o cinema se faça de filmes como este.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008