Recentemente embalei em Jericho e experienciei algo que me desagradou imenso: uma série inacabada. Ficou a pergunta: porque é que uma história tão bem alicerçada foi morta antes de ser construída. Afinal, quem tramou Jericho?
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A série com nome de pequena cidade no Kansas, cria um cenário apocalíptico desde o primeiro episódio: os Estados Unidos da América sofreram atentados terroristas em vários pontos da nação e nada será como antes.
É com o visionamento de um cogumelo de fumo no horizonte, imagem que só pode ser associada à bomba atómica, que percebemos que aquele foi talvez o único dia normal na vida dos habitantes da cidade que acabamos de conhecer. O dia em que Jake (Skeet Ulrich) faz uma curta visita à família e a Jericho, depois de cinco anos de ausência, e que o prende para sempre ao passado e à cidade que pretendia voltar a abandonar. A missão para os episódios seguintes é descobrir tudo o resto.
Enquanto decorria a primeira temporada, os habitantes de Jericho tentavam proteger a cidade e manter uma democracia que se tornava quase impossível em situação de caos. Ainda decorria a primeira temporada e Jericho, a série da CBS, travava um show de sobrevivência também fora do ecrã contra a baixa audiência, que começou nos 11 milhões e terminou com 6 milhões de espectadores.
Enquanto os habitantes de Jericho se (re)uniam para travar batalhas com a cidade vizinha, New Bern, contra a desconfiança e a favor dos bons princípios, que dificilmente resistem num cenário onde vão desaparecendo os bens primários e dão lugar à fome e ao desespero. Os fãs de Jericho mobilizados pelo animador do programa de rádio Blogtalkradio.com, Shaun Daily, começaram uma batalha conta a CBS, invadindo o estúdio com cerca de 40 mil…amendoins.
Peanuts porquê?
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Inspirados por Jake, personagem principal, que no final da primeira série, quando a vizinha New Bern pede a Jericho que se renda, recusa o pedido com a palavra «nuts» (a mesma resposta que o general americano Anthony McAuliffe deu aos alemães na batalha de Bastogne, na segunda Guerra Mundial). Uma história recordada entre amigos e familiares de Jake, batizada como a «história dos (pea)nuts» e que inspirou um momento de revolução dentro e fora da série.Um protesto que começou de forma inocente mas que, de tão bem organizado, mexeu com os estúdios da CBS de tal forma que foi anunciada a encomenda da segunda série. A vitória dos fãs de Jericho, desvaneceu quando perceberam que a segunda série tinha apenas sete episódios, um amendoim
envenenado.
Os produtores que tentaram salvar a cidade na primeira série, tiveram que salvar uma nação em sete episódios, deixando tudo em aberto para caso mais uma revolução voltasse a acontecer fora dos ecrãs. Uma tarefa ingrata mas bem conseguida. Para a produtora executiva Carol Barbee, a «revolução dos fãs» só pode ser um ponto alto da sua carreira.
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No início de 2008 foi erguido na entrada de Chicago uma cartaz que diz: «Jericho à venda: 6 milhões de órfãos». New fan attack? Nunca tive dúvidas que a ficção é uma óptima forma de inspirar a realidade.
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