Nada em Juno é esperado. Nada em Juno tem 16 anos. Nada em Juno reage com o tom de uma adolescente ‘acidentalmente’ grávida que tem que abrir um espaço cada vez maior com a barriga por entre a multidão dos corredores da escola. A descontracção que põe em tudo é a mesma com que numa tarde ‘de seca’ decidiu fazer sexo pela primeira vez com o seu melhor amigo Bleeker.
Não, não estamos perante mais um filme para adolescentes – suspiramos.
Nunca poderemos comparar Juno a um a A Little Miss Sunshine mas sabemos que a carrinha amarela do filme com mais sumo concentrado dos últimos tempos lhe abriu portas, lhe deu este lugar nos Óscares e sobretudo nas principais salas de cinema. Sabemos que Juno e Leah são uma espécie de irmãs (bem) mais novas de Thora Birch e Scarlett Johansson, em Ghost World, que tanto trabalharam a sensibilidade do espectador para filmes “dark and funny”: filmes fixes, com miúdas muito à frente (da sua idade), com vidas carimbadas por ícones que vão dos anos 50 aos 80. Um caminho também feito por filmes como Garden State, onde os parvos são gente apaixonante e com sentimentos bonitos. Tentativas mal concretizadas por muitos dos filmes de Domingo à tarde.
Mais que a última personagem representada por Ellen Page, Juno é a nossa nova amiga. Tem 16 anos e está grávida - como milhares de outras jovens – pensamos. E quê? Ela é a primeira a não querer dar ênfase ao pânico que pode haver nisso mas sim à sorte que pode estar à espreita em tudo o resto. Apesar de tudo e por mais que Juno apareça no ecrã como uma pequena guerreira de armadura de ferro não perdemos vontade lhe dar um abraço. Afinal é uma menina, tem 16 anos, esteve grávida e decidiu dar o filho para adopção.
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